Mensagem Quaresmal do Bispo de Beja

Entremos na Quaresma para vivermos a Páscoa!

Caríssimos irmãos e filhos no Senhor:
1 – Neste ano em que celebramos os 250 anos da Restauração da Diocese, aproxima-se a Festa das Festas, a Solenidade da Páscoa de Jesus Cristo Nosso Senhor, a Sua passagem da morte para a Vida e deste mundo para o Pai. Celebrar a Páscoa é passarmos pelo mesmo caminho que o Senhor abriu para todos nós.
Na Páscoa de Jesus aconteceu o nascimento da Igreja. A água e o sangue que o apóstolo João viu jorrarem do corpo morto do Senhor trespassado pela lança, sempre foram interpretados como símbolos do Batismo e da Eucaristia, os dois Sacramentos pelos quais renascemos e somos alimentados como filhos adotivos de Deus, e como filhos da Igreja. Fazendo-nos descer, em cada Páscoa, às águas da morte para celebrarmos e revivermos o Batismo, a Mãe Igreja leva-nos também à nascente da Vida onde renascemos como filhos adotivos de Deus, feitos participantes da natureza divina; leva-nos da solidão do pecado e da morte para a festiva comunhão da Igreja, a Eucaristia. De facto todos nós, ao renovarmos as promessas do Batismo na Solene Vigília Pascal, morremos para o pecado e recebemos o Espírito Santo que nos integra harmoniosamente, como membros vivos e ativos, no Corpo da Igreja.
É em Igreja que celebramos a Páscoa, e é celebrando a Páscoa que crescemos como membros da Igreja. Como certamente sabeis, a Páscoa é a única festa para nós cristãos. Sempre que celebramos a Eucaristia, fazemos o memorial da Páscoa do Senhor.

2 – Como se diz no Programa Pastoral Diocesano para este ano de 2019-2020, para podermos celebrar a Eucaristia, é preciso que sejamos Igreja; não basta irmos à igreja, de vez em quando. Precisamos de ser um povo em conversão, saído do Egito e a caminho da Terra Prometida. Mas não esqueçamos que também a Eucaristia faz a Igreja, e que é celebrando-a, alimentando-nos dela, que crescemos como cristãos. Sem ela, nenhuma comunidade pode consolidar-se, florescer e frutificar. Na Eucaristia bem celebrada, o Senhor sacia-nos com a Sua Palavra e com o Pão ázimo da Verdade, do Corpo entregue, e fortalece-nos com o Sangue de Cristo derramado na cruz por nosso amor.
Na sua mensagem para a Quaresma deste ano, o Papa Francisco escreve: Contempla, irmão, os braços abertos de Cristo crucificado. E quando te aproximares para confessares os teus pecados, crê firmemente na Sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o Seu sangue derramado pelo grande amor que tem por ti, e deixa-te purificar por Ele. Assim poderás renascer sempre de novo.
Recebamos, irmãos, estas palavras que nos convidam à conversão, ou seja, a reconciliarmo-nos com Deus e com a Igreja no Sacramento da Penitência, e a centrarmos a nossa vida na Páscoa do Senhor Jesus Cristo.

3 – Para vivermos intensamente a Páscoa, a Igreja convida-nos a percorrer o caminho da Quaresma, estes quarenta dias repassados daquela vida interior que denuncia os nossos pecados e nos dá oportunidade para nos arrependermos deles, os confessarmos e caminharmos na vida cristã, neste processo de transfiguração que o Senhor realiza na vida daqueles que O seguem. Para darmos espaço ao Senhor em nossos corações, escutemos mais frequentemente a Sua Palavra e encontremos tempo para uma oração mais intensa e mais fiel em cada dia, em cada semana, individualmente ou em comunidade, nas famílias e nas paróquias. Desta atividade espiritual depende, em grande parte, a autenticidade da vida que levamos.
Tal como aconteceu no ano passado, também neste ano vos convido a fazer jejum num dia por semana, à sexta-feira, além do jejum de Quarta-feira de Cinzas e de Sexta-feira Santa. Lembro-vos que o jejum é obrigatórios para todos os católicos que tenham entre dezoito e sessenta anos, e gozem de boa saúde. Jejuar é não comer uma refeição. A abstinência de carne também deverá ser observada por quem já completou catorze e ainda não chegou aos sessenta anos. O dinheiro que assim poupamos é destinado aos pobres, como esmola. Repartir com os necessitados aquilo que o Senhor nos concedeu, ajuda-nos a administrar justamente os bens materiais.
Anuncio-vos que a Renúncia Quaresmal do ano passado rendeu 16.341,51 euros, metade destinados à Cáritas da Venezuela, e a outra metade à diocese de Beja. Neste ano ajudaremos com 50% os nossos irmãos do Haiti, e também contribuiremos para as despesas das celebrações dos 250 anos da restauração da diocese de Beja. Sede generosos, queridos irmãos!

4 – Neste ano de festa, os seis arciprestados virão em peregrinação à Catedral de Beja durante a Quaresma ou no Tempo Pascal, também para visitarem a Exposição sobre a História da Diocese. É este o programa: arciprestado de Moura, no domingo dia 8 de março; de Beja, no domingo dia 15 de março; de Almodôvar e de Odemira, no sábado dia 21 de março; de Santiago do Cacém, no sábado dia 18 de abril; e de Cuba, no domingo dia 19 de abril. Estas peregrinações serão momentos fortes de oração para crescermos como comunidades vivas e missionárias, conscientes de que somos hoje a Igreja de Cristo, na diocese de Beja.
Não esqueçais: celebrar a Páscoa é reviver o Batismo e celebrar a Eucaristia. Viver a Quaresma é convertermo-nos do pecado e cultivarmos, na oração, a intimidade com o Senhor que nos transfigura, e praticarmos o jejum e a esmola para vivermos em verdadeira comunhão com os irmãos e com a natureza. Termino, com estas palavras do Senhor: sabeis estas coisas, felizes de vós se as praticardes!

Desejo a todos vós uma santa vivência da Quaresma. Rezemos uns pelos outros. Rezai por mim.

+ J. Marcos, bispo de Beja

 

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